A longa jornada no ministério de louvor exige muito mais do que simplesmente participar de workshops ocasionais. Embora estes possam ser uma oportunidade para adquirir novos conhecimentos e habilidades, eles por si só não são suficientes para garantir o sucesso e maturidade musical necessários para um ministério efetivo.
Com mais de 20 anos de experiência, posso afirmar que workshops de louvor e adoração frequentemente não atingem suas expectativas devido à falta de conhecimento básico de teoria musical, teologia e prática musical. Embora alguns músicos possam adquirir algumas dicas e truques temporariamente, a verdadeira música cristã requer amadurecimento constante, baseado em conhecimento musical sólido, teológico e treinamento prático constante.
Para que serve um workshop?
O site da PUC Goias traz a seguinte definição:
Se você jogar a palavra workshop em um site de tradução, verá que, em português, ela significa oficina. Embora seja uma transposição bem resumida, ela está correta. Isso porque o workshop é um tipo de evento que combina conhecimentos teóricos e práticos.
O workshop, portanto, é um modelo de treinamento que tem um tema específico e pessoas interessadas em aprender sobre ele e desenvolver habilidades relacionadas.
O workshop não tem duração longa. Ele é mais extenso do que uma palestra, por exemplo, mas não tão profundo quanto um curso. Geralmente, o workshop é realizado em um único dia, em até oito horas.
Fonte: https://ead.pucgoias.edu.br/blog/workshop-planejar-evento
Workshops de qualidade costumam abordar temas específicos, pois o tema de louvor e adoração é amplo e requer conhecimento técnico e espiritual profundo. Enquanto workshops genéricos, que cobrem muitos assuntos em pouco tempo, podem ser mais comerciais e servem apenas como uma introdução para que os participantes possam procurar mais informações depois, estes não são recomendados para o contexto da igreja.
Por exemplo, empresas fabricantes de mesas de som oferecem workshops para apresentar suas novas mesas ou famílias de mesas. Estes workshops tendem a partir do pressuposto de que os participantes já tenham conhecimento básico de operação de mesas de som, e seu objetivo principal é destacar as características únicas do produto em relação aos concorrentes. Em alguns casos, as empresas oferecem cursos separados para iniciantes ou recomendam escolas, ou professores que possam oferecer treinamento mais abrangente.
Workshop não é um curso
Mas é importante ressaltar que esses workshops genéricos não podem ser considerados uma solução definitiva para o aprendizado e evolução musical. Eles podem servir como uma introdução ou motivação para que os participantes busquem mais conhecimento, mas não são suficientes para desenvolver habilidades e técnicas em profundidade.
Além disso, é importante que estabeleçam objetivos claros para o workshop, para que ele atenda às necessidades e expectativas dos participantes. Um workshop bem estruturado, ministrado por profissionais capacitados e com foco em um assunto específico pode ser extremamente benéfico para os músicos.
Em resumo, os workshops podem ser uma ferramenta útil para o desenvolvimento musical, mas não podem ser considerados uma solução única e definitiva. É necessário que haja uma combinação de estudos, prática e dedicação para se atingir um alto nível de habilidade e conhecimento.
Efeito placebo
É muito comum convidarmos para ministrar o workshop alguém que o líder, pastor ou ministério admira, e quase sempre este participa de um culto ministrando após o workshop ou até mesmo permanece para se apresentar no culto de domingo. Quando isso ocorre a sensação é que após o workshop algo ficou diferente, e este efeito permanece por alguns dias, o que participaram com a sensação que sabem agora mais e serão músicos melhores, os que não participaram mais souberam do evento, ficam com a impressão que agora o ministério irá decolar, mas em ambos os caso é bem provável que seja apenas um placebo.
Se considerarmos que encontramos músicos que aprenderam conceitos equivocados, usam técnicas pouco eficientes ou até mesmo se viraram para aprender como foi possível e estão a anos tocando ou cantando, nestes casos pode-se demorar meses ou até anos para corrigir estes equívocos, algo que não se pode resolver em workshop.
Workshops podem ser úteis como um primeiro passo ou para apresentar caminhos para o conhecimento, mas não podem substituir um curso mais amplo ou uma formação completa. É importante ter expectativas realistas e entender que um workshop não consegue corrigir conceitos equivocados ou mudar habilidades de forma duradoura. Além disso, é importante considerar se o objetivo do workshop é motivar e incentivar ou se é para ensinar conhecimento técnico.
Quando o foco não é a música
Alguns workshops têm a música como pretexto, porém o foco é passar alguma mensagem, resolver alguma insatisfação do pastor ou líder do ministério, seja para moldar os músicos conforme seus costumes ou liturgias, porém vejo que a maioria não faz ideia se de fato estão tendo resultados musicais. Se no final conseguirem que os músicos parem de ir ao banheiro durante a pregação, o resultado é mais que satisfatório.
Estes eventos acabam gerando mais frustração para os músicos e muitas vezes até tendo o efeito contrário devido à insatisfação, a sensação de que foram enrolados.
Nesses casos, é importante avaliar os objetivos reais do workshop. Se o objetivo é moldar os músicos conforme as necessidades do ministério, é preciso considerar a perspectiva dos músicos e garantir que eles tenham a oportunidade de compreender e internalizar a mensagem. Além disso, é importante ser claro sobre os objetivos e esperar resultados realistas e mensuráveis, ao invés de esperar mudanças radicais após apenas um evento.
Qualquer um pode ministrar um workshop?
A resposta curta é não.
Com frequência vemos pessoas sem preparo, com conhecimento e didáticas duvidosas ministrando workshops. O fato de alguém tocar bem um instrumentos não o torna automaticamente um bom professor, além de agregar o risco de trazer outras tantas arestas mal aparadas, resultando em comentários e opiniões desastrosas que levarão dúvidas aos participantes.
O pior cenário é trazer alguém que irá ensinar conceitos ou técnicas erradas, o que pode ser até prejudicial para a saúde, podendo trazer para os cantores problemas, alguns até irreversíveis.
Na dúvida, sugira aos músicos que no que tange a parte técnica, se inscrevam em uma boa escola de música, já no que diz respeito a parte espiritual, que participem da escola dominical ou façam um curso teológico.
Se sua igreja estiver próxima a igrejas que possuam cursos, ministérios mais estruturados ou escolas de música, use sem medo.
É importante buscar ministrantes de workshops que tenham conhecimento técnico e didático comprovados, para garantir resultados positivos e evitar prejuízos para os participantes. É importante considerar fontes confiáveis como escolas de música, ministérios mais estruturados e curso teológicos para obter conhecimento e treinamento na área desejada.
Como promover um bom workshop de louvor e adoração?
- Reúnam os líderes e músicos para identificar os problemas e dificuldades dos membros do ministério e busquem direcionar os workshops para a direção destes pontos levantados;
- Definam o objetivo do ministério, o estilo musical e formato de trabalho, de preferência em grupo, isso facilitará na hora de decidir quem trazer para ministrar ou até mesmo direcionar quem for realizar a ministração. Você não terá bons resultados se o foco do líder é ter um ministério voltado para o black/soul, o resto da banda quer rock e vocês trouxerem um perito em worship, é preciso que a maioria entenda qual o caminho será seguido e trabalhem juntos no mesmo sentido;
- Escolha se possível um problema específico ou alguns problemas (interligados) que você queira resolver. Ter um ministério de louvor melhor não é um problema específico. Ter um workshop de técnicas para cantar afinado acaba sendo um tempo melhor aproveitado;
- Se possível escolha um tema e público específico. Existem alguns treinamentos que podem até se aplicados para todo o ministério, um deles são temas ligados a teoria musical, teologia e comportamento;
- Não use o workshop para acertar as diferenças com alguém, se precisar fazer isso, faça uma reunião em um dia e horário específico, e por favor, não terceirize a bronca, que o Líder ou o Pastor usem a reunião para expor suas ideias e insatisfações. Se estas ideias forem ruins, aprendam a lidar com elas e as consequências;
- Busque pessoas preparadas e que possuam de fato uma didática de ensino;
- Se for possível, contrate esporadicamente um produtor musical para avaliar e orientar os músicos. Saiba mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Produtor_musical;
Sugestões de cursos:
Abaixo apresento alguns cursos e plataformas que se usadas com sabedoria podem ter um bom resultado para seu ministério:
- Escola de louvor Vineyard: https://escoladelouvor.com/
- Curso de canto e afinação do Marcio Guerra Canto: https://afinandoavoz.com.br/
- Curso de teoria musical / harmonia com João Bemol (linguagem um pouco vulgar, mas possui um conhecimento bem amplo): https://www.canaljoaobemol.com/
- Plataforma Musixe, abrange várias áreas da música: https://musixe.com/