Gastamos muito tempo debatendo liturgias, usos e costumes, gostos pessoais, interpretações extras bíblicas, e pouco tempo pregando o evangelho. Desperdiçamos nosso tempo discutindo temas banais e deixamos de lado fatos relevantes, nos escondendo atrás da retórica de que Deus irá fazer a justiça e que ele irá resolver os graves problemas da igreja.
Perdemos dia após dia a oportunidade de louvar ao Senhor, de levar o seu evangelho ao mundo para nos dedicar a questões nada relevantes. Deixamos de louvar quando não evangelizamos, quando não cuidados do próximo adequadamente, quando permitimos que desviem os recursos e o tempo da igreja para outras finalidades. Nesta era em que vivemos, o tempo e a atenção das pessoas se tornaram tão valiosos quanto o ouro e a prata, e desperdiçamos sem nos preocupar até perceber que ele se foi.
Pastores gastam horas e horas tentando achar algum segredo oculto nas entrelinhas da Bíblia, que traga de forma mágica felicidade e riqueza, principalmente para eles próprios. E não falo aqui de uma suspeita, falo de algo que ocorre no dia a dia da igreja, convenções com estandes vendendo campanhas, métodos, correntes, produtos que prometem aumentar o número de membros, arrecadação ou fidelização da membresia.
Acredito que a maioria dos projetos nasce com boas intenções, tem um propósito bom, mas tudo é muito lindo até se perguntarem como vão pagar ou quem irá pagar a conta, deste ponto em diante planos mirabolantes surgem para convencer a igreja que ela é parte do projeto de “Deus” e que precisam custear o boleto.
Líderes sonham e fazem planos, até aí não há nenhum problema em si, não podemos esquecer do famoso caso e José, porém não podemos equiparar o projeto de Deus descrito na Bíblia com as loucuras atuais, e estes sonhos se tornam um problema em duas situações:
– Quando os líderes atribuem seus sonhos pessoais a Deus, induzindo a igreja acreditar que esta é a vontade de Deus;
– Quando iludem a igreja fazendo ela pensar que o sonho é dela, jogam a responsabilidade de viabilizar seus sonhos nas costas da igreja, obrigando a igreja a carregar um peso que não é dela;
Temos diversas igrejas e pessoas que padecem carregando um fardo que não é delas, criados por seus líderes, não muito diferente do que ocorre no setor público, onde os contribuintes que sofrem com os impostos do governo, que dá mesma forma governam para si mesmos, criam despesas sem se preocupar com quem paga a conta, assim são muitos pastores. A diferença é que o governo não pode usar o nome de Deus para exigir que as pessoas paguem a conta.
É quase impossível separar uma estrutura de governo de uma estrutura de poder, é quase impossível criar uma estrutura de poder sem uma estrutura que a sustente e é ainda mais difícil se não houver um povo que se deixe enganar.
Ao invés de darmos continuidade no trabalho dos apóstolos escrevendo Atos 29, 30, 31… A igreja evangélica começou dois novos livros chamados de “Desastres Apostólicos” e “Vergonhas Pastorais”, que juntos devem facilmente passar de 500 capítulos.
É fato que houveram grandes atos, grandes líderes que passaram pela terra desde os apóstolos, que com certeza podem preencher um livro inteiro com testemunhos e grandes realizações, mas infelizmente os atos vergonhosos e mesquinhos estão ganhando força e destaque entre aqueles que precisam ser alcançados. Para piorar, as mídias sociais são uma fonte ilimitada de exposição e demonstração de que não há limites para o quanto podemos passar vergonha.
Chegamos a um ponto da história que não basta tentar convencer a pessoa do seu próprio pecado e que Deus é melhor, temos agora que convencer que não fazemos parte deste grupo de líderes “cristãos” que saqueiam as igrejas ao invés do “inferno”.
Chegamos a um ponto da história que precisamos convencer os crentes de que precisam se converter e se libertar de sua fé distorcida, de que a Deus, a Bíblia e seus irmãos em Cristo estão acima das interpretações de seus pastores. Precisamos convencer a igreja de que o que ela faz na maior parte do tempo não é evangelizar, cuidar e discipular.
Chegamos a um ponto da história que precisamos rever a quem estamos louvando, pois nos distanciamos cada vez mais do Deus bíblico.
Não perca seu tempo, não confunda fazer a obra do Senhor com fazer a obra dos homens.
Oremos por aqueles que não foram alcançados e “pelos que foram”…