Nada é de graça, até a graça de Deus teve um preço!

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Gosto muito da série “todo mundo odeia o Chris”, sem dúvidas o Julius é a figura mais emblemática da série, tendo como uma das suas manias calcular o custo do desperdício, calculando quantos centavos custou o leite que foi deixado no copo, do arroz que ficou no prato ou qualquer outro desperdício pela casa.

Está visão passada na série mostra de maneira clara que tudo tem um custo, e que os jovens e as crianças passam parte da vida sem ter esta noção de que cada copo de leite custou algo, que até mesmo um copo com água tem um valor, associando as broncas dos pais a uma espécie de perseguição ou implicância. O que realmente me preocupa é que adultos apresentam esta deficiência e não compreendem que tudo que envolve bens materiais tem um preço, um custo.

Amor, afeto, conselhos, abraços, toques, entre outras demonstrações de afeto podem existir sem um custo material envolvido, mas até mesmo um abraço sem um bom banho pode ser mal interpretado e trazer consigo cheiros nada agradáveis, o que irá demandar um custo material para trazer de volta um cheiro agradável.

Foi-se o tempo em que podíamos sair andando  para achar um pedaço de terra e reivindicar a posse, começar a plantar e viver com o que a terra der. Atualmente a moeda de troca é exclusivamente o trabalho por dinheiro e o dinheiro por bens materiais.

Música é sinônimo de custo

O fato de você não pagar nada, ou seja, sair de graça significa apenas que não saiu do seu bolso, mas alguém vai pagar, seja com dinheiro ou com recursos naturais, tudo na vida tem um preço.

Você não vê ou ouve os ensaio, as horas de prática e treino, livros, vídeo aulas, entre outras necessidades que fazem parte do custo do músico. O fato de você não ver e não fazer parte diretamente não torna este custo inexistente, ele faz parte do preço do serviço, a remuneração do músico precisa ser suficiente para custear estas atividades fundamentais para o exercício da profissão. O fato do músico não cobrar nada, não torna o custo inexistente, significa que ele está bancando o custo todo para te oferecer uma boa música.

Quando uma banda decide se tornar profissional e a viver da música, começam a ter custos extras com o tempo, se for muito requisitada ela precisará ter o site, pagar para as músicas irem para a plataforma digital, se quiser uma rede social ativa e com conteúdo de boa qualidade precisará ter alguém cuidando disso, se tem muitas ligações e e-mails pode ser necessária uma secretária, linha de telefone dedicada, escritório, mesa, cadeira, café, água, luz, Internet, hospedagem de site, entre tantas outras coisas.

Custo Brasil

Se você acha caro comprar algo importado, que as taxas do seu iPhone são elevadas, para os músicos a situação é muito pior, não existe subsídio ou lei de incentivo, pagamos imposto integral sobre tudo e ainda enfrentamos uma especulação absurda do mercado.

Compare os custos, uma palheta que custa $0,02 centavos de dólar comprando uma única unidade avulsa na China, ou seja, menos de R$ 0,10 em conversão simples, é vendida por até R$ 2,00, não há taxa, imposto ou milagre que explique tamanha especulação. Se fizer uma compra em quantidade, está mesma palheta chega a custar menos de $0,01 centavos de dólar.

Para um guitarrista ter um equipamento mediano para os americanos e conseguir um bom som aqui no Brasil, considerando a guitarra, capa, acessórios, cabos, caixa e pedaleira, ele precisará desembolsar de R$ 7.000 a R$ 10.000, e não estamos falando de equipamentos top de linha, que podem elevar este valor ao preço de um carro popular Zero KM.

Exemplo do Mais Que Adoradores

Realizamos em parceria com o Refúgio 91 cerca de 14 eventos em 18 meses, onde o custo da banda foram mantidos pela própria banda, não repassaríamos para a igreja, foi a nossa oferta para o projeto Refúgio 91. Os eventos eram realizados uma vez por mês na sede da Igreja.

A preparação, ensaio e execução do evento demandava lanches no dia do ensaio e no dia do evento, impressão, papel, insumos, cordas, equipamentos, manutenção, aluguel de sala de ensaio, combustível, decoração, entre outros insumos. Os custos variaram de R$ 400,00 a R$ 1200 por evento.

Neste período fomos chamados para tocar em uma Igreja irmã, o custo para preparação e execução do evento foi de R$ 350,00 (s contar um possível cache para os músicos), recebemos R$ 150,00 de oferta naquele dia, os R$ 200,00 saíram do bolso da banda.

O custo está ali presente, embora as igrejas não tenham desembolsado estes valores, eles não deixaram de existir, embora ninguém que tenha participado do evento recebeu qualquer envelope de oferta.

Não é uma reclamação, mas uma constatação, não cobramos pelos eventos que fazemos em nossa região, não dependemos financeiramente deste ofício, tudo o que fazemos é uma oferta.

Onde quero chegar com isso

Primeiro, não importa o ministério, usei o exemplo da música, pois é o que temos maior domínio.

Segundo, tudo que envolve bens materiais possui um custo, embora a conta não tenha chegado na sua mão, ele existe, está ali, alguém vai pagar a conta. Então valorize, ajude, não finja que não é com você.

Terceiro, aos músicos, não jogue a conta dos seus caprichos para à Igreja, creio que a Igreja deve ajudar sempre que possível no seu ministério, mas sem exageros, com sabedoria, com austeridade (procure no dicionário), com muito cuidado, pois cada centavo que é destinado a equipamentos e coisas materiais são retirados de outras áreas, em especial o cuidar de vidas (considerando que sua igreja tenha esta preocupação, deveria).

Não entenda este artigo como um apoio aos líderes que deixam de ensinar o evangelho para lucrar em cima dos fiéis, tão pouco para aqueles que por ignorância (assim espero) usam o dinheiro arrecadado para seus caprichos sem demonstrar compromisso real algum com os necessitados.

É importante que entendamos que vivemos em um mundo que até mesmo para respirar existe um custo envolvido, que o sacrifício de muitos irmãos que dedicam suas vidas a colaborar voluntariamente em suas comunidades é feito com sacrifícios (para a maioria), então colabore sempre que possível, ajude aqueles que ajudam.

Até a graça de Deus teve um preço

Parece uma comparação desproporcional, mas não percebemos o real custo do sacrifício de Cristo, se não conseguimos entender o preço que um irmão paga para ofertar seu tempo, aulas e equipamentos, você acha que de fato conseguem compreender a dimensão do sacrifício de Cristo?

Para a maioria é alto intangível demais, que só conseguem dar algum valor mediante a uma troca, só valorizam depois que conseguem alcançar alguma graça, algum milagre, e mesmo assim se passar muito tempo sem uma nova graça rapidamente começam a mudar de opinião.

Valorizem os que se sacrificam para ofertar algo sobre suas vidas no dia a dia da sua caminhada cristão.