Como microfonar uma Bateria Acústica? Economizando na Microfonação da bateria!

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Neste artigo queremos apresentar algumas dicas para microfonação de bateria, em especial duas opções econômicas que poderão ajudar bandas, ministérios e igrejas com restrição orçamentária, embora econômicas, estamos falando de técnicas testadas e usadas profissionalmente em gravações e apresentações ao vivo desde os tempos dos Beatles.

Antes de explicar as técnicas acredito ser importante revisar alguns conceitos que levam o músico e operadores a conflitos sobre o timbre ou som emitido, como no meio musical e em especial nas igrejas existem muitas lendas e conceitos equivocados, acabamos entrando em debates desnecessários e pouco produtivos.

O artigo não dará foco em como tocar a bateria e nem entrará no mérito das marcas de bateria, o foco está em dar um caminho alternativo e econômico para a captação e reprodução, falando um pouco do que pode interferir na qualidade da captação e no timbre.

Timbre da peça (pratos ou peça + pele)

É um equívoco muito grande achar que a mesa de som será a principal responsável pelo timbre do equipamento, a mesa de som tem poderes limitados oferecendo recursos para trabalhar o volume de entrada do sinal, volume de frequências específicas (equalizador), efeitos de apoio e volume de saída. Se você adquirir uma caixa muito aguda que não consegue enviar sons em frequências mais graves, ou seja, não chega nenhum sinal na frequência que você quer ouvir, simplesmente o equalizador não fará milagre.

A mesa de som NÃO CRIA SONS QUE NÃO EXISTEM.

Se você adquirir um prato que não emite aquele agudo que você tanto quer, a mesa de som não conseguirá criar este agudo. Se o prato adquirir emite o agudo um pouco mais baixo que o desejado, ou seja, o agudo está sendo emitido, porém, em um volume inferior ao deseja, ai a mesa de som pode te ajudar através do volume ou equalização.

O som que você quer e deseja precisar ser emitido pelo seu instrumento, sejam os pratos, bumbos, caixa ou tambores.

Baquetas

Não subestime as baquetas, normalmente damos muita atenção no peso, preço e durabilidade, mas elas exercem também influência no timbre, principalmente ao entrar em contato com superfícies duras como os pratos, hastes, laterais das peças, entre outras.

A densidade da madeira e porosidade da baqueta pode influenciar no timbre e no volume desejado.

Qualidade e especialidade do microfone

Em geral, somos guiados pelo preço, uma vez que eles não são muito atrativos no Brasil, consequência dos altos impostos e câmbio, mas a qualidade do microfone influencia valorizando ou desvalorizando determinadas frequências emitidas pela bateria, modificando o timbre desejado.

Kits de microfone para bateria em geral oferecem microfones específicos para determinadas funções, o que é bom, pois traz equipamentos especializados em determinadas frequências oferecendo microfones específicos para o Bumbo, Overs e tons/caixa. Mesmo o kit vindo com microfones especializados, sua qualidade poder variar muito de uma marca para outra, marcas mais caras como Shure não vendem apenas a marca, a qualidade dos materiais, acabamento, solda, entre outros aspectos são de melhor qualidade e durabilidade.

Temos marcas de entrada com qualidade razoável como os chineses Eltec, TakStar, Arcano, Alctron, entre outras, e as marcas de melhor qualidade e mais famosas como Shure, Sennheiser, Audio-Technica e Akg, entre outras.

Mesa de som, Equalização, compressão, limiter

Como comentei acima, a mesa de som e o operador não fazem milagres, os recursos da mesa auxiliam na valorização ou desvalorização dos sons emitidos, contudo, a mesa de som não irá criar sons que não existem, ou seja, se seu instrumento não emitir aquele grave ou agudo que você tanto deseja a mesa não poderá fazer nada para ajudar.

Não podemos esquecer dos cabos, conectores e a qualidade da própria mesa de som, que podem atuar negativamente desvalorizando o timbre do seu equipamento.

Tenha em mente que o equalizador é nada mais que uma regulagem de volume, ao invés de trabalhar com o volume geral ele trabalha em frequências específicas, permitindo se uma ou um conjunto de frequências sonoras tenha seu volume aumentado, ou diminuído em relação aos demais. É importante lembrar que mesas mais simples oferecem equalizadores básicos que atuam e conjuntos de frequências, enquanto mesas mais modernas permitem corrigir pontos mais específicos.

Reverb

O reverb assim como outros efeitos também não fazem milagres, assim como a equalização eles contribuem para a valorização do timbre do seu instrumento, podendo influenciar no volume.

Antes de aplicar um efeito, leia ou assistas uns vídeos a respeito e veja como ele pode ajudar ou atrapalhar no timbre do seu equipamento.

Retorno vs PA

Outro ponto que passa despercebido são as diferenças entre os retornos e a PA, em especial em igrejas que possuem sistemas básicos de som, ou seja, dificilmente você encontrará uma igreja com mesas dedicadas/independentes para PA e Retorno, o que significa que a aplicação do pré-ganho, equalização e efeitos são as mesmas para o retorno e a PA.

Na prática, o que isto significa?

O operador de som e a banda precisam entende que a prioridade dom som e do timbre sempre será a PA, ou seja, você tem que “timbrar” e equalizar o som para que o público tenha a melhor experiência, o que pode significar na maioria das vezes que o timbre e a qualidade do som que chega ao músico pode ser diferente.

Isso ocorre porque, em geral, a caixa de retorno ou os fones não conseguem oferecer a mesma experiência da PA. Um exemplo típico se aplica à locais que usam sistemas de fones, que normalmente são sistemas monos e com fones de qualidade mediana, influenciando muito a qualidade e volume do som, quando não oferecem um pesadelo com as saturações e distorções causadas pela regulagem equivocada.

Resumindo a introdução

São muitos fatores que contribuem ou atrapalham, dentre eles o pouco conhecimento, esperamos que entendendo agora as principais influências no som você possa atuar na correção e ajustes necessários para ter um timbre melhor, e que a microfonação venha para valorizar sua técnica e timbre.

Microfonação dedicada (não econômica, um microfone por peça)

A microfonação dedicada consiste em ter um microfone para cada peça da bateria, se você tiver uma bateria tradicional com uma caixa, um bumbo, dois tons, surdo, dois pratos e um chimbal, você precisaria de 8 microfones, em geral, é comum usarem kits com 7 microfones, compartilhando 1 microfone para o Over ou compartilhando o microfone da caixa com o chimbal, sendo a primeira opção melhor na minha opinião, pois permite equalizar melhor a caixa em relação ao chimbal.

Se conseguir dedicar um microfone para cada peça e somar isso a uma mesa digital ou com uma boa equalização, você terá uma excelente combinação, permitindo valorizar as frequências de cada uma das peças e remover frequências indesejadas e sobras. No final deste artigo colocamos dois vídeos do canal Sound Cara falando de Microfonação dividida em Parte 1 e 2.

Outro fator complicador deste modelo para bandas ou igrejas com orçamento enxuto é a necessidade de ter um canal para cada microfone na mesa, vemos com frequência mesas de até 24 canais, o que dependendo do tamanho da banda acaba comprometendo vários canais. Embora tenhamos a alternativa de usar uma mesa auxiliar para a bateria, ligando-a diretamente do seu output na entrada auxiliar da mesa principal (se houver), não é usual investir em uma mesa boa como auxiliar, acabam trazendo mezinhas baratas, comprometendo a qualidade. Nesta alternativa, se combina com uma mesa de boa qualidade, é possível extrair bons resultados.

Abaixo vamos apresentar duas alternativas mais econômicas baseadas na técnica ou método de Glyn Jhons, incluindo vídeo demonstração do canal Sound Cara.

Glyn Johns é um engenheiro-de-som e produtor musical que trabalhou com artistas como The Beatles, The Who, The Rolling Stones, Led Zeppelin e Eric Clapton, entre muitos outros.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Glyn_Johns

A técnica básica consiste em usar 3 microfones, um dedicado ao bumbo, que exige um microfone específico para as frequências graves e para valorizar a batida mais forte, usando dois microfones de over com pedestais, ficando um microfone no alto sobre a caixa apontando para a caixa e o segundo entre o prato de condução e o surdo apontado também para a caixa. Estes dois microfones em over ficam posicionados em distâncias proporcionais, porém o próprio Glyn Johns em uma entrevista disse que não segue esta regra a risca, vai pelo ouvido e calibra a distância até atingir o som desejado.

Em inglês, copia e cola o texto no tradutor do Google, 90% de acerto na tradução: http://www.blaxploitation.com/drums/glynJohnsMethod.pdf

Abaixo vemos uma ilustração da técnica apresentado os 3 microfones da técnica com 3 (1, 2, 3) e o quarto microfone da técnica com 4 microfones (1, 2, 3, 4).

Existe ainda a opção economia total usando apenas 2 microfones, que compromete a qualidade geral, que pode ser usada em ambientes pequenos e médios (até aproximadamente 200m2 a 250m2) onde a bateria fica aberta, ou seja, sem cabine ou sem biombo/acrílico, em que tenha perda do peso e da marcação ritma no ambiente. Combinando os microfones (veja na imagem) 2 – Over e 3 – Bumbo ou a mais usada 3 – Bumbo e 4 – Caixa/Chimbal você conseguirá levar para as caixas a marcação rítmica, deixando as demais peças ao som natural. Só recomendaria esta opção se realmente você não puder pagar 100 reais a mais por um microfone extra (marcas mais baratas), pois a perda não vale a economia.

Microfonação econômica com 4 microfones (Glyn Johns Technique)

Esta é uma opção intermediária com 4 microfones, baseada na técnica de Glyn Johns com 3 microfones, porém adicionando um microfone extra dedicado para a caixa e chimbal.

Comparado a ter um microfone para cada peça da bateria, conseguimos chegar com um pouco mais da metade do custo de um kit com 7 ou 8 microfones e manter uma boa qualidade, com o plus de poder calibrar o timbre da caixa.

Microfonação supereconômica com 3 microfones (Glyn Johns Technique)

Das opções existentes que conseguem manter uma boa qualidade esta é de longe a mais indicada, permite captar todos as peças com qualidade.

Financeiramente você consegue ter uma boa economia, não passando da metade do custo do kit completo e ainda ter uma qualidade que irá te surpreender, veja abaixo no vídeo de demonstração.

Vídeos de demonstração

Os vídeos de demonstração são de dois canais que acompanho e recomendo que se inscrevam. O canal deles não é especializado para bateristas, mas sim para operadores de som, gravação, estúdios, ou seja, voltado para quem quer aprender como captar e reproduzir o som com qualidade.

Sound Cara – Microfonação com 3 microfones

Rodrigo Itaboray – Microfonação de Baterias

Sound Cara – Microfonação Parte 1

Sound Cara – Microfonação Parte 2