Como fazer imersão em um estilo musical? Porque fazer uma imersão em um estilo musical?

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Não é incomum chegarmos em um ensaio e nos depararmos com o ministro de louvor ou vocalista querendo inovar com um estilo diferente do habitual. Querer inovar não é o problema, assim como querer tocar um estilo diferente também não, mas sim o fato de não termos maturidade para fazer do jeito certo, dando o tempo adequado para que a banda se prepare.

Antes de falarmos sobre a imersão musical, vamos dar uma passada pela definição do termo imersão.

Significado de Imersão

substantivo feminino
Ação ou efeito de imergir(-se); ato ou resultado do processo de mergulhar em (alguma coisa) um líquido; submersão.
Fonte: https://www.dicio.com.br/imersao/

Entrar, penetrar, introduzir.
Fonte: https://dicionariocriativo.com.br/imergir

Usamos este termo quando queremos dizer que vamos nos aprofundar ou adquirir conhecimento suficiente para ter domínio de um assunto.

Imersão musical

Imersão musical significa então se aprofundar ou adquirir o conhecimento necessário para ter domínio de um estilo e da aplicação do seu instrumento musical no estilo.

Isso se faz necessário devido as características técnicas, regionais, sotaques, timbres, vestimentas e gestos que estão fortemente ligadas a cada estilo musical.

Deixar de trazer os elementos bons que caracterizam o estilo, em especial relacionado as técnicas musicais como notas, escalas, timbres e modo de executar/tocar/cantar podem tornar a experiência um desastre e frustrar aqueles que ouvem.

Obviamente alguns estilos se destacaram não apenas pelo aspecto técnico, mas também por comportamento não usuais, subversão, perversão, entre outras coisas que não fazem parte do contexto cristão.

Eu particularmente ensino que direta ou indiretamente criamos uma experiência através da música em nossas apresentações, e cada elemento usado pode ajudar ou atrapalhar a relação daquele que ouve com a canção. Uma música que é marcada por um solo característico de piano na introdução, ao se tirar este elemento a experiência será totalmente diferente, podendo chegar ao extremo de gerar uma grande frustração no público.

Como fazer uma imersão musical

Primeiro passo – Ouvir, ouvir e ouvir, muitas vezes, cada detalhe do seu instrumento e do conjunto, ouvir a música desejada e umas 10 ou mais músicas do mesmo estilo, de preferência de bandas referências no estilo, sendo elas cristãs ou não.

Segundo passo – Avaliar tecnicamente que escalas são usadas, notas, acordes, intervalos ou saltos de notas mais comuns, ritmo da percussão/bateria, viradas típicas, compassos ou divisão musical (3/4, 4/4, etc..), andamento, dinâmica e timbres.

Abaixo vamos falar resumidamente sobre cada um e colocar uma sugestão de link para se aprofundar no assunto:

Escala: Determinará que notas compõem ou não o arranjo. Tocar uma música que pede uma escala pentatônica menor usando com uma escala natural maior irá gerar estranheza aos amantes do estilo.
Mais em: https://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical/Escalas

Notas: As notas usadas são as que compõem a escala escolhida, com raras exceções (existe regras para isso), se deve evitar as notas fora da escala.
Mais em: https://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical/Escalas

Acordes: A escala é determinante para os acordes que serão usados, que em geral obedecem as notas do campo harmônico, ou seja, da escala.
Mais em: https://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical/Acordes

Intervalos / Saltos de notas: Aqui começa a complicar um pouco mais, pois em geral músicos de igreja não se atentam aos intervalos característicos do estilo, mas os estilos mais marcantes possuem algumas características bem específicas nos intervalos. Aqui vai determinar por exemplo se posso fazer um arpejo de I, III, IV, VIII e assim por diante, ou se tenho que intercalar saltos de terça e saltos de tom ou semitom.
Mais em: https://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical/Intervalos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arpejo

Compasso ou Divisão Musical: Um elemento básico, até óbvio, mas não é incomum ocorrerem confusões e vermos bandas tocando músicas 6/8 em 4/4. Temos estilos e bandas que mesclam divisões diferentes dentro de uma mesma música, o que exige muita atenção e uma boa dose de estudo. A divisão da música é determinante para o ritmo, é a declaração de vida ou morte para o baterista.
https://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical/Notação_musical/Valores_compostos

Ritmo da percussão/Bateria: Cada estilo também possui características próprias com relação ao comportamento dos instrumentos rítmicos, determinando por exemplo quantas vezes o bumbo bate em cada compasso, em que momento a caixa é tocada, e quando é o momento mais oportuno para usar o chimbal ou o prato de condução.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo_(m%C3%BAsica)

Viradas: Assim como o ritmo, o estilo determina quando as viradas acontecem, como acontecem, sua velocidade, intensidade, que partes podem ser usadas ou não em uma virada.
http://www.zildjian.com.br/index.php?link=noticias&noticia=1400

Andamento: Aqui estamos falando diretamente da velocidade e intensidade em que as notas são tocadas, as famosas batidas por minuto (BPM). Este também é o terror de muitos bateristas e bandas, que sofrem com os metrônomos, equipamento usado para dar o ritmo de forma precisa. Toda música bem feita usa e respeita uma ou mais velocidades.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nota%C3%A7%C3%A3o_musical#Andamento_musical

Dinâmica musical: A dinâmica musical tem relação direta em como os instrumentos estão emitindo seus sons e como eles interagem entre si, assim como a interação com as vozes. Uma banda com bom entrosamento e dinâmica destaca no volume e momento correto cada instrumento ou elemento da música, evitando que o som fique embolado ou confuso. Exemplo: se observar a banda PlanetShakers nas músicas mais agitadas, poderá notar que quando as vozes estão cantando os instrumentos trabalham em intensidades diferentes e eles não incentivam ao público a dançar, mas no momento que as vozes saem os instrumentos mudam a dinâmica, aumentam a intensidade e o público é incentivado a dançar e pular.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nota%C3%A7%C3%A3o_musical#Dinâmica_musical

Timbre: Não menos importante que os demais itens, pelo contrário, determinante em alguns estilos, como aquele rock clássico que precisa daqueles captadores para dar o som mais ardido e distorcido, ou no Jazz que precisa do baixo mais aveludado, ou do worship com seus pads em loop, enfim, o timbre ele completa a gama de elementos que vão determinar se o estilo musical está ou não sendo respeitado.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Timbre

Terceiro passo – Praticar individualmente várias e várias vezes as características que se aplicam ao seu instrumento ou voz. Tirar e aperfeiçoar cada riff, cada virada, cada acorde e treinar o ritmo usando sempre o metrônomo.

Quarto passo – Ensaiar em grupo várias e várias vezes a música aplicando tudo aquilo que foi aprendido, principalmente se não for um estilo que o grupo domine.

O que acontece se não fizermos uma imersão e sair tocando a música com pouco conhecimento?

Provavelmente vocês conseguirão tocar a música, mas com alto grau de imprecisão e riqueza de detalhes. Alguns grupos são dotados de músicos excepcionais, com grande habilidade e que podem pegar com facilidade, mas essa não é a realidade de todas as bandas, e para estas que recomendo estudar o estilo desejado.

Se aprofunde o máximo possível e pratique cada vez mais.

O que pude constatar na prática andando por várias cidades e igrejas pelo Brasil, é que para uma boa parcela dos músicos, quanto menos conhecimento os músicos tem, menos querem praticar e ensaiar, ocorrendo o efeito contrário, o músico que sabe mais que poderia se acomodar está sempre buscando mais, e o que sabe menos cada vez menos.