Burro Motivado! Que bicho é esse? Cuidado, ele pode trazer sérios problemas ao seu ministério!

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Photo by Anna Kaminova on Unsplash

A expressão é um pouco forte, mas estamos cheios de “Burros Motivados” nas empresas, igrejas, na vida, uma triste realidade do Brasil e dentro da igreja. Neste artigo vamos entender um pouco este conceito e como tem atrapalhado o crescimento da igreja e da própria pessoa.

A coragem é fundamental na hora de encarar desafios, no entanto, sem preparo, é um tiro no pé.

O que é ou quem é o burro motivado?

É aquela pessoa motivada, sempre interessada, prestativa, muitas vezes pró-ativa, que rapidamente se prontifica a ajudar, mas sem o conhecimento e a experiência necessária, que não possui todas as competências necessárias para realizar a atividade ou assumir a responsabilidade no que se propõe. Sobra motivação e falta preparo.

O sábio é cauteloso e evita o mal, mas o tolo é impetuoso e irresponsável.
Provérbios 14:16

Na ânsia de resolver e alcançar rapidamente um objetivo, adquirimos o costume de aceitar pessoas com este perfil, de achar que a motivação irá suprir a falta de conhecimento e experiência, ou pior, no meio Cristão jogamos na conta de Deus, achando que ele tem a obrigação de resolver o problema e capacitar a pessoa.

Em situações banais do dia a dia, sem desmerecer quem vive destas atividades, como varrer, lavar uma louca, lavar um carro ou substituir um jogador na pelada/futebol, situações onde a motivação pode ajudar bastante, mas quando falamos de atividades que requerem conhecimentos específicos, bagagem, técnica e maturidade, a motivação pode se tornar uma inimiga e causar grandes estragos.

Todo homem prudente age com base no conhecimento, mas o tolo expõe a sua insensatez.
Provérbios 13:16

O problema do burro motivado é que ele acredita que está fazendo o certo, que sua motivação irá trazer bons resultados. E alguns líderes acreditam que é melhor ter alguém mais ou menos cometendo equívocos e causando problemas do que ter nenhuma pessoa.

O fato de uma pessoa não ter total domínio ou conhecimento algum de uma determinada atividade não é impeditivo para que ela se envolva, mas é um sinal para que ela busque o conhecimento antes de começar a atividades. Um exemplo simples do dia a dia, a empresa vai e compra um equipamento novo, mais modernos, com botões e funções que você desconhece, e ao invés de sair ligando e apertando os botões aleatoriamente, tire uns minutos e leia o manual, entre no Youtube ou no site do fabricante e procure por vídeos de demonstração. Com uma atitude simples como esta podemos evitar grandes problemas, desperdício de tempo e dinheiro.

Não é atoa que somos conhecidos pela ineficiência em comparação com outros países, gastamos muito tentando acertar ao invés de nos esforçarmos para errarmos menos, tendo como reflexo atrasos constantes e custos mais elevados que o planejado. O que temos visto é que o tempo gasto corrigindo os erros acaba superando a soma do tempo necessário para se preparar e realizar a atividade sem erro.

E como o burro motivado pode atrapalhar na igreja?

As oportunidades de estragos nas igrejas são muitos, desde desperdícios de materiais, de tempo, causando desgaste entre as pessoas, criando problemas que não deveriam existir, ensinando heresias, ou seja do prejuízo material, passando pelo espiritual até o emocional.

No mundo dos negócios pode ser um pouco mais fácil resolver, basta transferir para outra atividade, outra área ou até mesmo demitir, porém, dentro do contexto da igreja existe uma cautela muitas vezes exagerada, ondes líderes aceitam o risco de comprometer todo um projeto ao invés de resolver o problema.

Vamos desdes músicos e líderes despreparados opinando sobre compra de equipamentos, obras feitas com grandes desperdícios e atrasos, até mesmo questões menos tangíveis como pequenos desvios doutrinários nas mensagens.

Quando colocamos pessoas despreparadas para realizar atividades importantes, estamos colocando também vidas, a oferta suada de cada irmão, o tempo das pessoas que se doam para ajudar na comunidade.

A Bíblia chama o burro motivado de tolo, imprudente ou insensato, aquele que age nos impulsos e não ama o conhecimento.

Todo o que ama a disciplina ama o conhecimento, mas aquele que odeia a repreensão é tolo.
Provérbios 12:1

O tolo não tem prazer no entendimento, mas sim em expor os seus pensamentos.
Provérbios 18:2

As palavras do tolo provocam briga, e a sua conversa atrai açoites.
Provérbios 18:6

Precisamos de pessoas competentes…

No artigo “Cuidado com os burros motivados” publicado pela revista Isto é, onde o jornalista Camilo Vannuchi faz uma entrevista com o escritor Roberto Shinyashiki sobre o livro Heróis de verdade, ele fala sobre o impacto desta cultura brasileira, onde valorizamos mais as aparências do que a competência.

Em Heróis de verdade, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima
https://istoe.com.br/12528_CUIDADO+COM+OS+BURROS+MOTIVADOS+/

Vale a pena ler a entrevista e o livro: https://www.google.com.br/search?q=herois+da+verdade+Roberto+Shinyashiki

Em um dado momento ele responde quando questionado se premiamos pessoas mal preparadas:

“Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado.”

As vezes não percebemos, mas uma forma muito comum de premiar as pessoas é dando um cargo ou uma posição para uma pessoa despreparada, sem exigir que esta pessoa se capacite antes de assumir. Se ela tem potencial, que desenvolva as habilidades mínimas antes de assumir a posição. Entendemos que existe a necessidade de escolher alguém, de delegar rapidamente a responsabilidade, mas não pode ser a qualquer custo.

E no ministério de música e louvor…

Uma liderança motivada sem o devido preparo irá transformar o ministério de louvor em um laboratório para testar suas teorias, e os músicos serão cobaias de tentativas e erros. O que impressiona são as repetições dos erros, muitas vezes em um mesmo grupo trocam-se 3 ou 4 vezes a liderança e todas, com pequenas diferenças, reiniciam um ciclo de tentativas e erros, sem tratar a causa raiz de todos os males: a falta de conhecimento e maturidade.

A pessoa aprendeu a poucos dias a tocar seu violão ou a cantar e já é jogada no meio de uma banda para tocar. Ou em casos piores, pegam pessoas em níveis muito diferentes de maturidade e obrigam essas a pessoas a conviverem, como se pudêssemos pegar uma criança do primeiro ano do fundamental e jogar em uma sala do último ano do ensino médio, no meio de uma prova de matemática, física ou química, e ainda queremos que tirem notas boas. A diferença entre uma prova na escola e uma banda está no fato de que na prova a pessoa prejudica a si mesma, em uma banda ela prejudica todo o grupo.

Partimos da ideia de que se uma pessoa muito inexperiente estiver com pessoas experientes, automaticamente ela irá se desenvolver. Esta linha de pensamento só faz sentido se as diferenças entre os níveis de conhecimento não forem muito grandes, se colocarmos pessoas de níveis muito diferentes passaremos a ter duas pessoas desmotivadas.

É preciso entender que não é em cima do palco/púlpito que iremos ensinar alguém, não é testando a paciência da igreja e dos músicos mais velhos que vamos obter resultados. Se quer aprender, estude, pratique, ensaie, e somente após provar que está preparado assuma a posição.

É claro que diante da falta de músicos e cantores, igrejas se abraçam ao que estiver a mão, ignorando os perigos e impactos que terão sobre o crescimento destas pessoas. Muitos músicos problemáticos, imaturos e com pouco conhecimento estão nos púlpitos das igrejas, começaram do jeito errado e permanecem por lá.

Em alguns casos já cheguei a recomendar que usem playback e esperem, não pulem etapas, não submetam a imaturidade aos conflitos e necessidades.

As possibilidades do “burro motivado” são enormes, a ceara é muito grande, o que permite surgir estes protagonistas despreparados. Cabe aos líderes amadurecem também e tomarem uma atitude, trabalhando estas pessoas e direcionando para atividades onde possam provar suas competências.